passei o carnaval em Salem e não há bruxas lá
semana passada não teve newsletter porque estive viajando e não consegui escrever à distância. Hoje trago um pequeno relato do impacto dessa viagem para Salem, Massachussets, a "cidade das bruxas".
Vou aproveitar para digitar enquanto tudo ainda está fresco na minha cabeça e antes que o arrependimento de mexer com histórias tão profundas me impeçam de continuar. Eu fui conhecer Salem – a cidade das bruxas - nesse carnaval. Pois é, fugi do Brasil e fui me aprofundar em uma história real e triste. Mas antes de adentrar nesse mundo de vez, visitei o local onde houveram os julgamentos – Salem Village Meeting House - localizado em Danvers, antiga vila de Salem. No primeiro momento já fui impactada com a energia pesadíssima do lugar. Pessoas inocentes morreram. E a gente não pode nunca, jamais, fechar os olhos para uma coisa dessas e simplesmente esquecer de que cometeram tamanhas atrocidades e perseguições em nome de Deus. Lá em Danvers, hoje, há um memorial para as vítimas, que foram acusadas falsamente de bruxaria e mortas em 1692. Frases impactantes acompanham as pedras erguidas no memorial, como a de Martha Cory, uma das vítimas: “Eu sou uma pessoa inocente e nunca fiz bruxaria desde que nasci. Eu sou uma mulher de Deus” ou de George Jacobs, outro falsamente acusado e morto: “Bem! Me queimem ou me enforquem, eu permaneço na verdade de Cristo”. A Igreja os caçou, os julgou erroneamente, os condenou e os matou com crueldade.
Uma curta história para entender as bruxas (vítimas) de Salem
Samuel Parris foi o primeiro ministro reverenciado de Salem, reconhecido como tal pela Igreja em 1689. Antes dele houveram dois outros ministros na cidade que não foram reverendos, um deles, inclusive, foi posteriormente morto acusado de bruxaria: George Burroughs. Desde a chegada de Parris ao poder, pequenos conflitos passaram a ser punidos em público. Em 1692, a filha de Samuel, Betty, de apenas 9 anos, adoeceu. Entre os sintomas, a garota sentia picadas e beliscões pelo corpo, contorcendo-se e gritando. Abigail Williams, sobrinha de 11 anos do reverendo, passou a ter os mesmos sintomas. Aos poucos, outras pessoas começaram a sentir as mesmas coisas, que mais tarde seriam reconhecidas como uma histeria. Os indícios foram considerados graves demais para serem apenas ataque epilético. Aí entra Tituba, mulher negra e escrava da família Parris, primeira pessoa a ser acusada pelas crianças de ser responsável por tudo que elas sentiam. Sarah Good e Sarah Osborne também foram acusadas pelas crianças como bruxas que faziam pacto com o diabo e traziam esses sintomas à população. Mais tarde, mais de 140 pessoas seriam acusadas falsamente de bruxaria.
Importante destacar que todas as vítimas falsamente acusadas tinham algo que iam contra as regras da Igreja: seja um segundo casamento, seja uma má reputação, seja uma descendência étnica diferente. As provas aceitas pelo tribunal eram as simples acusações de outras pessoas, manchas no corpo insensíveis a dor e o porte de “objetos mágicos”, ou seja, que contrariavam os símbolos aceitos pela Igreja.
Nenhum dos executados foram registrados em livros da época. Eles não tiveram direito a enterro em solo sagrado, porque supostamente tinham pacto com o demônio. Por isso, há também outro memorial, dentro da cidade de Salem, o Salem Witch Trials Memorial, dedicado às vítimas, próximo a um cemitério.
Foi somente em 1957 que Massachussets se desculpou por esses assassinatos. Mais de 200 anos depois.
“No total, 141 homens e mulheres foram julgados por supostas bruxarias. Destes, 19 foram enforcados, um foi pressionado com pedras enormes e cinco, sendo uma criança, morreram em uma cadeia absolutamente severa” - Daqui.
A história é realmente pesada e esse foi só o início. Talvez, e apenas talvez, eu traga mais quarta que vem sobre essa viagem. Mas por hoje...
Isso é tudo pessoal. See u! :*
Nesse carrossel do Lavandaire pra refletir sobre o mês que passou e planejar março. Aliás, feliz MARÇO! Chegou o mês das mais lindas (aceito presentes dia 11, meu niver):
Nesse lembrete pra gente perceber que há uma vida fora das telas:
E nessa edição de
que fala sobre o cemitério de Naviraí e sobre a nossa relação com a morte:
Ah que viagem incrível!
Tenho muita vontade de conhecer Salem!
É bizarro pensar no que aconteceu ali.
Muito obrigada pela menção, fico muito honrada!