Já contei por aqui algumas questões que tive com a minha saúde mental. Desde muito nova briguei muito com a ansiedade – hoje, fizemos as pazes - e passei por dois períodos difíceis com depressão – da qual me considero curada, bem como os profissionais que me acompanham. Só que, nessa última semana, cheguei ao ápice de começar a chorar no meio da rua, sem conseguir controlar. As lágrimas brotaram e escorreram, a maquiagem deslizou junto marcando lágrimas de rímel. E dessa vez não me importei nem um pouco se estavam olhando para mim. Foi aí que uma ficha caiu, me mostrando algumas coisas:
1 – As pessoas podem até ter olhado, mas, em alguns minutos esqueceram sobre a mulher que chorou na rua. Não é algo que mudou a vida delas ou a minha, porque o mundo não gira ao meu redor - ainda bem! E me expor assim não me matou, veja só.
2 – Eu estou mascarando coisas demais. Estou sendo forte desde que perdi meu cachorro ano passado. Passei por muita coisa e segurei, sem deixar a tristeza sair. Uma hora, a gente implode. Ou explode.
Sendo assim, eu refiz minhas metas, aproveitando que estamos na metade do ano. E, algumas se mantiveram, enquanto outras foram reformuladas e novas surgiram.
O poder dos 30 anos
Dizem que é por volta dessa idade que algumas chaves se movem abrindo cadeados em nós. Eu percebi mesmo muita coisa mudando depois que trintei. E, por vezes, escolhi fechar os olhos. Por me colocar no casulo de adulta definitiva, achei que precisava ter uma pose firme de “nada me abala”. Pois, não precisa ser assim. Adultos choram. A vida acontece e ela as vezes vai te atropelar. Muitas vezes também vai ser linda. Só que nada se resolve magicamente porque somos mais maduras. Ainda somos carne, ossos, músculos e sentimentos. Algumas situações machucam. O sofrimento não é opcional. É inevitável sentir dor, somos emocionados. E não há por que esconder isso. Foi, justamente pela idade – e longe de mim me achar velha aos 32 – que eu decidi que não há mais tempo para esconder tudo o que sinto. Estou triste? Não preciso passar por isso sozinha. Confesso que a solidão tem me abatido. Eu preciso me incluir mais. E, mesmo que ainda me sinta meio dispersa no meio das pessoas, quero voltar a me sentir presente. Então, vou me esforçar para isso, só que agora, mostrando quando não estiver bem. Não há por que fingir um sorriso. Sou amada e, não interessa se são 2 ou 3 pessoas que estão ao meu lado: elas merecem ter o meu eu verdadeiro. A vida está doendo e eu preciso pegar na mão dessas pessoas. A vida um dia deixará de doer e então poderei compartilhar os momentos incríveis com elas. E assim eu também vou segurar mãos por aí daqueles que amo. Porque a vida também é partilha.
Eu decidi mudar
Assumir a dor, a tristeza, o desânimo, o desespero e a solidão, não quer dizer que preciso me entregar a isso. Tem momentos em que não há perspectiva: parece que não há futuro. Tem horas em que estou feliz e ouso postar as alegrias no Instagram – percebem que a vida é, de fato, um recorte dos melhores momentos nas redes sociais. Embora eu tenha chorado na rua, em nenhum momento uma foto chorando foi parar nos stories.
Eu já estive no fundo do poço antes. Já lidei com uma depressão que quase me tirou a vida. Não aceito voltar para aquele lugar! Então, está na hora de me olhar com mais amor e carinho. E é aqui que entra a newsletter de hoje: esse é um compromisso público de:
1 – Ter uma alimentação mais saudável – toda vez que eu desconto frustrações na comida acabo doente fisicamente também. O estômago dói. O intestino surta. A pele reclama. Aqui, não é mais sobre engordar e emagrecer – coisa que lutei a minha vida inteira e não aceito mais também. Há beleza em todos os formatos de corpos. O que define sua saúde são os resultados dos seus exames, sua autopercepção e sua saúde mental, não um número na balança. Minha meta é comer quando tiver fome e comida de verdade, com menos industrializados.
2 – Manter atividades físicas em dia – eu faço yoga 3 vezes na semana. Mas quero incluir caminhada, dança ou vôlei, qualquer coisa que mexa mais ainda meu corpo. Porque a saúde mental realmente responde quando eu me mexo muito, a criatividade aumenta, os órgãos funcionam melhor. Não há coisa mais linda do que o corpo humano funcionando direitinho, aprendi nas aulas de anatomia. E para isso acontecer, precisamos dar uma ajudinha. Não custa nada, meu corpo me auxilia tanto mesmo tendo aguentado tanta agressão nessa vida. Nem que seja 15 minutinhos por dia, vou incluir uma atividade mais intensa. De preferência que eu tenha contato com pessoas, que eu me exponha e que eu veja o lado de fora de casa. Se estiver difícil, tudo bem usar um vídeo no YouTube. Passos leves e delicados para não machucar mais!
3 – Continuar O Caminho do Artista – comecei aqui e prometi trazer o final da leitura. Parei. Quero retomar porque preciso me olhar mais, me conhecer mais profundamente e me permitir momentos comigo mesma. Novamente, não há bloqueio criativo, mas quero aproveitar e seguir com mais dedicação esse livro que me ajudou tanto e que sinto, há muito mais para me ajudar.
O restante das metas são muito pessoais, mas essas três são as que vão garantir o funcionamento das demais. Se você também está se sentindo perdida com sua saúde mental, que tal também recalcular a rota?
Nesses dias não tenho consumido muita coisa na internet, decidi então prestar atenção no que tenho feito e me atentar que tenho vivido coisas boas também. Por exemplo: tive o PRIVILÉGIO de ir no show da MAIOR BANDA DE METAL DO MUNDO logo no primeiro dia de julho. Aconteceu na minha cidade, cerca de dez minutos da minha casa. Sim, estou falando do Massacration (óbvio):
Tomei um chá vermelho com tantas coisinhas diferentes num lugar muito fofo que descobri caminhando pela minha cidade, chamado Dalina. Me revigorou. Consegui filmar a fumacinha saindo da xícara, mas transformar o vídeo em gif roubou a magia.
Também comi pela primeira vez o verdadeiro cuscuz nordestino. Adorei! De uma maciez que o nosso paulista jamais chegará aos pés.
Também estou com 32 anos e o que mais gosto dos 30 anos é esse autoconhecimento. Virei nômade, larguei emprego fixo presencial e terminei um relacionamento que era bom para viver o que gostaria de viver. Foram os meses mais difíceis da minha vida. Parabéns pelas metas, estarei na torcida para que as atinja. Você definiu bem: essas trazem todas as outras.
De fato, depois dos 30 parece que a tarja de "adulto" entra em definitivo. Mas a gente se cobra demais mesmo, e é essa autocobrança que nos machuca muitas vezes. Amei suas metas, e a forma como você decidiu simplesmente sentir.
E o show do Massacration foi a cereja do bolo hahahaha!
Beijo!